Conflitos ocorrem em qualquer nível de relacionamento e não dependem do vínculo que une uma pessoa a outra. Dependendo da natureza e da gravidade dos conflitos e dos interesses e das habilidades dos envolvidos, os conflitos podem ou não ser evitados, contornados, adiados, resolvidos e até mesmo ignorados.
Não raramente a palavra “conflito” faz com que as pessoas automaticamente reajam de uma forma negativa e busquem prevalecer em suas posições e interesses. É da condição humana não querer perder uma disputa e nem sempre um ou ambos os envolvidos/oponentes aceitam ouvir e refletir sobre o que a contraparte tem a dizer.
O aprendizado pode alterar radicalmente a forma como encaramos os conflitos. Algumas pessoas desenvolvem competências em lidar com conflitos com base na experiência, outras o farão inspirados pela intuição. Para a maioria composta daqueles que não tiveram a oportunidade de aprender com tentativas e erro ou não têm o dom de pressentir o surgimento de um conflito ou intuir uma solução para ele, o jeito é se aprofundar sobre o assunto.
Uma abordagem interessante é a da natureza da reciprocidade das pessoas em uma interação. Recentes escritos (ex. Dar e receber: uma abordagem revolucionária sobre sucesso, generosidade e influência, por Adam Grant) apontam que é possível classificarmos as pessoas em três tipos de acordo com a reciprocidade que elas estabelecem em um relacionamento:
TIPO DE PESSOAS:
- “takers”, são focados em si mesmos e põem os seus próprios interesses acima das necessidades dos outros;
- “givers”, são focados nos outros e tendem a lhes providenciar suporte sem esperar nada em troca;
- “matchers”, preservam o equilíbrio entre ceder e tomar e raciocinam com base na reciprocidade: tomo de você se você tomar de mim e cedo a você se você me ceder.
Muitos conflitos são ou deixam de ser resolvidos de acordo com a quantidade e a qualidade da reciprocidade que os envolvidos estão dispostos a utilizar. Enquanto “takers” procuram ganhar o máximo possível cedendo o mínimo desejável, “givers” exploram opções para agregar valor ao outro lado e/ou contribuir para a restauração ou o aprimoramento do relacionamento. “Matchers”, por sua vez, alternarão o modo de abordagem de acordo com os seus objetivos, as características do conflito, e o comportamento da contraparte.
Você reagirá melhor ao conflito se puder colher o máximo de informações sobre o outro lado e sobre você mesmo. Reações puramente emocionais serão inevitáveis e até mesmo recomendáveis em alguns casos, mas reações racionais e fundadas em conhecimento científico poderão contribuir não só para a resolução de um conflito, mas também para que você não sofra tanto e perca tempo com ele.