Incivilidade é qualquer atitude que ameace relacionamentos positivos e produtivos com outras pessoas.
Você usa o e-mail quando o contato pessoal é necessário? Assume a maior ou toda a parcela do crédito pelo trabalho, mesmo quando ele é executado em equipe? Chega atrasado a encontros? Gasta mais tempo do que o necessário em reuniões?
Experts em civilidade apontam tais comportamentos como contrários à civilidade.
Mas, afinal de contas, o que é incivilidade?
É possível pensar em incivilidade apenas quando a pessoa ou o profissional age deliberadamente de forma grosseira e ofensiva? E aqueles que não se dão conta de que estão agindo em desacordo com as normas de comportamento civilizado?
Antes de tudo, uma ressalva: a reciprocidade, qualidade tão apreciada pela humanidade, não tem muito espaço aqui. Uma dada ação não passa a ser civilizada apenas porque o agente que lhe deu causa não se sentiria prejudicado se ela tivesse partido de outra pessoa.
Por exemplo, se um profissional tolera fofocas, inclusive as relacionadas à sua pessoa, e não as deixa afetar a sua vida pessoal ou a sua carreira profissional, isso não afasta a incivilidade dos boatos que ele cria e espalha a respeito de seus colegas de trabalho.
Aliás, nem mesmo o aumento da tolerância a fofocas e boatos fora do local de trabalho, incentivado pelo uso de mídias sociais, não justifica que o profissional os faça dentro do ambiente de trabalho.
Em outras palavras, não se pode deduzir que a aceitação de uma conduta em um meio (como o social ou o familiar) a torna tolerável em outro (como o profissional).
AMEAÇA A RELACIONAMENTOS
É bom notar que civilidade vai muito além de boas maneiras ou regras de etiqueta e exige autoconscientização e autocontrole.
O comportamento de alguém não será civilizado quando ele ignorar o contexto no qual está inserido e defender apenas os seus interesses, sem reconhecer os objetivos da sociedade, da comunidade, da organização, da família, etc., bem como a importância e as contribuições de seus integrantes.
THE “TERRIBLE TEN” – OS DEZ PIORES CASOS DE INCIVILIDADE
Há dezenas de comportamentos que atentam contra a civilidade.
P. M. Forni, que esteve à frente da “Iniciativa Civilidade” na Johns Hopkins University e iniciou a avaliação da relevância da civilidade na sociedade contemporânea em 1997, constatou que as pessoas se incomodam mais pelas transgressões cometidas por co-trabalhadores e estranhos do que as perpetradas por familiares e amigos.
Forni entrevistou empregados e estudantes em 2007 e listou os dez piores (“Terrible Ten”) comportamentos por eles mencionados:
- Discriminação no emprego;
- Condução ao volante de forma errática ou agressiva a ameaçar os outros;
- Recebimento de crédito pelo trabalho de outros;
- Tratamento dos prestadores de serviços como seres inferiores;
- Elaboração de piadas ou referências que zombam da raça, do gênero, da idade, da incapacidade, da preferência sexual ou da religião dos outros;
- Comportamento agressivo e bullying (crianças);
- Poluição;
- Uso indevido de prerrogativas asseguradas a deficientes;
- Prática do fumo em locais proibidos ou sem a autorização de não-fumantes;
- Uso de celulares ou troca de mensagens no meio de uma conversa ou durante uma apresentação ou reunião.
Certamente você já ouviu alguém dizer:
– Uma só piadinha não faz mal!
– Eu só estava checando se havia novas mensagens!
– Vou parar naquela vaga por idosos só por um minuto!
O problema é que atos de incivilidade geralmente não são isolados. Existe um ciclo de incivilidade que contamina o indivíduo, a coletividade e a sociedade.
Para evitar a contaminação, pessoas e organizações devem trabalhar a autoconscientização e o autocontrole, identificar e prevenir as causas e os agentes da incivilidade e valorizar o respeito e a cortesia nos relacionamentos pessoais e profissionais.