Há tempos que as organizações sofrem dificuldades para lidar com comportamentos grosseiros e ofensivos no ambiente de trabalho. Algumas empresas adotam políticas internas claras para combater a incivilidade, enquanto outras empregam modelos de conduta para incentivar a civilidade.
Seria possível pensar em um “código de civilidade”, um corpo de regras para descrever o que os profissionais podem ou não fazer e como eles devem se comportar?
Tanto dentro como fora do ambiente corporativo, a maior parte das pessoas sabe da importância da civilidade em qualquer tipo de relacionamento.
Existem regras gerais para definir o que é um comportamento civilizado.
Pais e escolas ensinam muitas delas. Ocorre que as diferentes gerações nem sempre concordam que uma dada “regra” de civilidade está correta. Há até mesmo uma certa tendência de as mais novas gerações acreditarem que os integrantes das mais velhas gerações são muito rígidos em sua aplicação.
Em contraste, muitos dos mais antigos pensam que os mais novos ignoram ou relativizam regras de civilidade em demasia.
É importante que a organização encontre o ponto de equilíbrio e seja clara na abordagem às regras de civilidade, seja por meio de um código, de uma política, ou de um conjunto de ações e exemplos.
Contudo, definir as principais normas de civilidade (aquelas das quais não se abre mão), é fundamental para a manutenção de um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
O primeiro passo é definir o que é civilidade e quais são as expectativas da empresa. O alcance do que vem a ser um comportamento civilizado pode ser muito abrangente ou restrito.
Cabe aos líderes não só definirem o que a organização espera de seus colaboradores a respeito da civilidade, como também selecionar os novos profissionais com base nestes parâmetros.
Aliás, os liderados devem ser ouvidos no processo de definição, uma vez que a sua participação na construção das bases da civilidade é indispensável para o sucesso de uma política “pró-civilidade”.
O resultado da definição das regras de civilidade deve constar de um código? Depende. As vantagens de uma codificação são o conhecimento e a clareza, ao passo que as desvantagens são a rigidez e a aparência de unilateralismo.
Christine Porath, estudiosa do assunto, e Stuart Price, advogado sócio-gerente da firma californiana de advocacia Bryan Cave, abordaram os empregados do escritório em um exercício para a definição das normas coletivas de civilidade.
Os profissionais foram instados a sugerir normas às quais estariam dispostos a cumprir e, em menos de uma hora, chegaram a dez regras daquilo que se convencionou denominar de “Código de Civilidade” de Bryan Cave.
DEZ REGRAS PARA COMBATER A INCIVILIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO:
- Nós nos saudamos e nos reconhecemos;
- Nós pedimos por favor e agradecemos;
- Nós nos tratamos igualmente e com respeito, independentemente das condições;
- Nós reconhecemos o impacto do nosso comportamento na vida dos outros;
- Nós apreciamos o feedback vindo dos outros;
- Nós somos acessíveis;
- Nós somos diretos, sensíveis/atentos e honestos;
- Nós valorizamos as contribuições dos outros;
- Nós respeitamos o tempo dos outros;
- Nós abordamos a incivilidade.
Tais regras não deveriam vir de berço? Existiriam outras regras de civilidade? Um código seria realmente necessário?
No exemplo acima, o sócio-gerente afirmou que o código foi diretamente responsável pela firma ter sido ranqueada na primeira colocação da lista dos melhores locais para trabalhar do Condado de Orange, CA.
Quando se fala em civilidade no ambiente de trabalho, as virtude são a clareza de propósito e o engajamento de todos, não a forma de divulgação e o mecanismo de fiscalização.